Friday, January 14, 2005

Hino a meretriz amaldiçoada

Uma puta de carreira
Brilhante e fenomenal
Senta à penteadeira
E prepara o ritual

Ritual de arrumação
De uma face que outrora
Conquistou muito tostão
E há muito já foi embora

Maquilagem bem singela
Repara timidamente
O sofrido rosto dela
De feiúra veemente

Ela vai até a praça
Ambiente de espera
Como fica uma carcaça
Aguardando uma fera

Não são muitos os clientes
Dispostos à contratá-la
No geral, são decadentes
Com ela na mesma vala

O ínfimo pagamento
Em troca do seu serviço
Dá só para o alimento
E nada mais além disso

Qualquer coisa é recompensa
Do alfinete ao foguete
Aceita logo, nem pensa
De bêbados é banquete

Coitada, já se conforma
Com esse cruel remate
E pretende, dessa forma
Sofrer o seu xeque-mate

Das peças é um peão
Que por peões é comida
Levando com devoção
Sua miserável vida

Há quem guarde essa puta
No interior da mente
E depois de muita luta
Considera-se decente

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