Pássaro morto
Largura de um pássaro apertado,
Suficiente espaço para a fuga:
Ruflou as asas, pulou feito pulga.
Caiu no chão defunto estatelado.
Só penas. Duras penas a tal ave,
Que no leito de morte já cantava
O pio, o canto em cantos, que lhe dava
Passagem para ingresso numa nave.
Passou - passamento sem escala.
Os ecos das canções nunca esquecidas
Ficarão para todo o sempre tidas
Como a voz que não cala e não se cala.
Calou-se. Sustenidos não há mais.
Formigas vêm até o bicho morto,
A seta que saiu com rumo torto,
O barco que não mais retorna ao cais.
7 Comments:
É meu querido amigo , este poema seu revela exatamente a perenidade, o quanto tudo é efemêro...e quantos já não foram...e ficam em nossa memória...
precisamos mesmo depois da morte ...deixar os pássaros livres para voar...grande paradoxo...o apego...Me fez pensar por que ainda enterramos nossos mortos ? Para sempre visitá-los ? Não é a mesma coisa que guardam tópicos...em comunidades ...ou será que é ... pq não queimamos... no fogo do espírito ? Do pó ao pó...cinzas...já tivemos tantas cores... pq não podemos virar cinzas ? Me fez ter muitas reflexões este seu pássaro morto...que jaz ali...e a lembrança do canto... e do encanto... será que um dia o tempo apaga ?
Afonso, estou surpreso com a sua habilidade literária, não só pelo texto que foi impresso no jornal da semana de direito como também pelos textos que li aqui no seu blog. Parabéns pela sua criatividade e pelo seu labor poético que me deixou pensativo ao ler suas escritas. Um abraço!
Seus escritos são muito fúnebres! Bom... é meu estilo favorito de literatura! *-*
=P
imagens bonitas :)
mas devo dizer q nao ando a melhor leitora de poemas ultimamente. meu negócio é conto =x
em todo caso, gostei das suas coisas. comentei no da poligamia tb hehee dá uma olhada la :)
abralço, rapaz.
vocabulário apurado significa pouco quando o entendimento à massa é prejudicado. fazer somente literatura proparoxítona não atinge com o grau que deveria atingir. tino há, só não equilíbrio. talvez se usado a língua que se realmente faz uso, talvez tudo seria mais belo. deixe para trás a forma, e valorize mais o conteúdo. você vai longe; só não dê assistência à ausência de democratização artística.
é o que, rapaz? o belarmino é o cara das proparoxítonas, e ponto final!
assume logo que nao entendeu! ;p
esse aí em cima tmb é meu!
\o
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