Tuesday, April 10, 2007

Pássaro morto

Largura de um pássaro apertado,
Suficiente espaço para a fuga:
Ruflou as asas, pulou feito pulga.
Caiu no chão defunto estatelado.

Só penas. Duras penas a tal ave,
Que no leito de morte já cantava
O pio, o canto em cantos, que lhe dava
Passagem para ingresso numa nave.

Passou - passamento sem escala.
Os ecos das canções nunca esquecidas
Ficarão para todo o sempre tidas
Como a voz que não cala e não se cala.

Calou-se. Sustenidos não há mais.
Formigas vêm até o bicho morto,
A seta que saiu com rumo torto,
O barco que não mais retorna ao cais.