Epitáfio
Quando a foice da Morte impiedosa
Furar-me certeira no cocoruto,
O sangue do assoalho for enxuto,
Me fizerem a coroa de rosa,
Os conhecidos vierem em grosa,
Os cacarejos que agora escuto
Cessarem, e, finalmente, o luto
Reinar na sepultura melindrosa,
Quero que chamem o melhor coveiro,
Mandem pintar num rochoso letreiro
"Aqui não jaz nenhum poeta nobre
Nem pessoa que valha mais que um cobre,
Jaz um defunto inerte e brejeiro
Que, calado, falou o tempo inteiro"