Saturday, November 20, 2004

Azêmolas manatiadas

A nuvem de pestilência
À mostra já deixa o pus
E com muita veemência
Ao cemitério conduz

Lugar de homens lôbregos
Que outrora era um pasto
Hoje só restam morcegos
Da luz nem sequer o rasto

Morcegos que mordem vorazes
A jugular da inocência
Por onde percorrem fugazes
Virtudes da santa demência

Tão nobres que não se ferem
Com setas no coração
E às vítimas proferem
Palavras de baixo calão

Trajando terno e gravata
Morcego nobre e frajola
Ostenta sua bravata
Enchendo sua gaiola

Um viveiro de vencidos
Subaéreos e primatas
Que por pedras atingidos
Findaram suas cantatas

Hino ao ilustríssimo pavilhão nacional

A linda bandeira, pendão da esperança
Balança faceira no alto do mastro
Dos filhos altivos é o maior astro
Brilha no sorriso de cada criança

Criança com fome, imunda e doente
Que dorme nas ruas da grande cidade
E usa a bandeira por necessidade
Faz um cobertor colorido e quente

A bela mulata honrando a laia
Mulata vadia, profana e safada
Em cada esquina por um é comprada
E usa a bandeira como mini-saia

Símbolo belo que tremula no alto
É pano de mesa em botecos e bares
Também cultuada por bons militares
É de viatura pneu e asfalto

Amostra de glória de toda nação
É colcha de cama no bom cabaré
Estola de padre que reza com fé
Motivo de honra e de louvação

Bandeira de nobres guerreiros valentes
Imagem perfeita de só quatro cores
Demonstra firmeza na paz e nas dores
As dores, confesso que são mais freqüentes