Carta cainita
Caro Barão de Volgogrado,
Escrevo esta missiva ao som de uma renitente tarantela. Que esses malditos bastardos aproveitem bem os últimos instantes das suas existências mesquinhas, pois, finda a escrita, descerei até lá e darei cabo de todos eles. Infligir-lhes-ei uma morte penosa e lenta, como eu sei que tu aprecias. Falando em castigos e assassínios, que é daquele sacerdote inconveniente que forcejava por levá-lo a senda do bom Deus? Estou certo de que teve o fim merecido.
Ah, como eu odeio Nápoles! Como eu odeio a Itália! A todo instante a Besta dentro de mim clama por uma farta torrente de sangue, mas o Homem a domestica com colossal dificuldade. Ah, como eu anseio pela partida dessa terra de mendigos repugnantes. Há algumas semanas, quando passei por Pisa, tive a quase incontrolável vontade de acabar com a inclinação daquela nauseabunda torre derrubando-a por completo. E Veneza, igualmente podre e repulsiva. Um verdadeiro esgoto a céu aberto.
Em toda a minha estada neste covil de vermes, só um episódio me agradou de fato. Lembra-te da lasciva Leonor? Decerto que sim, velho maroto. Estava, como sempre, belíssima no baile oferecido pelo duque de Cesena, ontem `a noite. Ah, que seios exuberantes! A alvura sem par daquela tez quase me conduziu ao frenesi. Que exemplar de fêmea! Perguntou sobre ti e tuas crias.
Tarantela maldita! Teve seu volume aumentado e movimentos frenéticos das vadias também sem intensificaram. Adeus, Barão. Agora, vou mandar esse bandoleiros ao mais distante dos círculos infernais.
Ludwig von Schwarzwald