Sunday, June 26, 2005

Morte vermiforme

Num fígado tomado pelo verme,
hepatófago ser das tenebrosas
noites em bodegas - Com suas grosas,
esse ser vil alcança a epiderme.

Vislumbra, então, o mundo descoberto.
Altivo, vê o mundo à sua frente.
Orgulhoso e encantado, nem sente
o espírito da Morte que está perto.

Avizinha-se, pois, essa tal Morte,
rápido algoz. Promete em um só corte
vindimar a vida do hospedeiro

do verme... Mas tem um coração mole:
antes de arrebatá-lo por inteiro,
deixa-o tomar um último gole.

1 Comments:

At 6:42 PM, Blogger Pedro Roney said...

Lendo os poemas da lista
Vi o que agora comento
Pelo meu entendimento
Algo bem pré-modernista

Científico, intrigante
De uma moral tamanha
Que se duvidar ainda ganha
Do tamanho do elefante

Quando li, tomei um susto
E perguntei meio sonso:
O soneto é do Afonso
Ou será que é do Augusto?

 

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